Away we go

Eu não gostei do último trabalho do diretor Sam Mendes, Revolutionary Road. Agora, em Away We Go a impressão que fica é a de um diretor que sabe contar uma história, como fez em American Beauty, seu longa de estréia. O filme conta a história de uma casal a beira de ter um bebê – um tema universal. Vai agradar uma grande audiência pois não há quem não se identifique com as ansiedades de se ter um primeiro filho. Viajando pela América do Norte a procura da cidade ideal para começar uma família, Mendes apresenta famílias de diferentes perfis e como se relacionam. A crítica a sociedade americana, como ele tanto gosta de fazer, se mostra em seus hotéis, motéis, bufês, aeroportos; tudo por ali é plastificado, enlatado, encarpetado e emburrecido. Os americanos são uns coitados, por isso o medo de se criar uma criança por ali (coincidência ou não o local onde o casal mas se sente a vontade é em Montreal). E isso, Mendes mostra bem.

Se nada mais der certo

Assisti a Se nada mais der certo (Brazil, 2008) ontem e sai do cinema achando o filme horrível. A questão é que o filme é longo, os planos são muito próximos, a luz é confusa – piorada pelo fato de os planos serem tão fechados, mas tão fechados que não dá pra destinguir um pedaço de pele de um sapato – e o protagonista é Cauã Reymond. Não dá para colocar Mr. Reymond interpretando um jornalista que desiste de uma profissão instável e que paga pouco e começa a cometer pequenos crimes. O cara não segura, não tem profundidade dramática. Fica inverossímel. Comecei a ficar com tédio e afim de ir embora. Caroline Abras (the one to watch) foi quem me segurou na sala até o final. A atriz paulistana para mim é pura novidade. Detonou. Enfim, depois de uma noite de sono o que dá para entender é que o diretor José Eduardo Belmonte tem potencial. No próximo ou no seguinte ele acerta. Dá para ver que o cara entende de cinema. Só que o atual conjunto não funcionou.  

(500) Days of Summer

Gostar de um filme é igual a gostar de uma cor. Muito pessoal. No meu caso, parte do meu prazer em assistir (500) Days of Summer, se deve as semelhanças com minhas próprias experiências. Acredito que seja um desses filmes em que as pessoas irão se identificar. O universal assunto amor/paixão bem interpretado pelo fofo Joseph Gordon-Levitt me fez lembrar como é gostoso esta apaixonado. O filme não é uma história de amor mas sim uma história real de uma relação em que uma das partes não se envolve quanto a outra. Para quem já viveu ou vive uma situação semelhante uma engolida a seco. Te faz pensar. Me fez pensar. Para quem já se apaixonou ou não, indico.

Mesrine – Killer Instinct – Part 1

Dificil fazer um filme baseado na vida real de alguem. Principalmente se este alguem for um assassino violento que teve uma vida intensa. O roteiro tem de ser muito bem lapidado para que a historia nao vire uma sucessao de crimes. Mesrine – Killer instinct conta a historia do gangster Jacques Mesrine antes de ele ter sido decretado o inimigo numero1 da Franca. O cara era ousado e fez a policia da Franca, Canada e Americana de palhacas mas fica aquela sensacao de que os crimes nao sao conectados a nao ser pelo fato de terem sido cometidos pela mesma pessoa. Nao da para querer mostrar todos os roubos e assaltos a banco que o cara participou. Claro que a fuga da prisao no Canada e a consequente tentativa de resgatar seus antigos “colegas” do presidio foram kamikase suficiente para terem destaque na historia mas, duas partes, serio? Ha uma continuacao do filme (Mesrine – Public Enemy #1) completamente inspirada em Kill Bill.  Assim como o filme de Tarantino, as historias podem ser vistas separadamente mas nao sei se vou ver. Talvez em DVD. Mesrine eh interpretado pelo melhor ator frances da atualidade, Vincent Kassel. Nem mesmo ele valeram minhas 12 libras.

Funny People

Um filme “drama” com atores de “comedia”. Esquece que o cartaz traz Adam Sandler na foto de divulgacao, o up-and-coming Seth Rogen ao seu lado e que o filme se chama Funny People. O filme nao eh uma comedia mas sim uma historia sobre comediantes, consequentemente, atores-comediantes foram escalados para o filme. Entendeu? Quem for procurando o trivial de Adam Sandler nao vai encontrar. Ainda bem. O diretor Judd Apatow (The 40 Year Old Virgin – so vi uns pedacos na TV e Knocked Up – da colecao de videos piratas da mamae, parei no meio) quer falar de coisa seria. Quer falar de desencontros entre as pessoas, de solidao, de vida e de amizade. O personagem de  Adam Sandler descobre que tem uma doenca terminal entao decide deixar de ser o astro insuportavel que era para se reaproximar de todos que ama e que amou. Participacao interessante de Eric Bana (como eh bonita a voz desse cara!) interpretando um australiano com um sotaque fortissimo e, claro, interessante tambem perceber a cultura do stand up comedy americano, com suas piadas chulas certamente consideradas de baixo-nivel pelos brasileiros.  Nao eh imperdivel mas em caso de uma ida ao cinema vale o ingresso.

Broken Embraces

La película, hay que terminala, aunque sea en el oscuro. Com esta frase termina o filme de Pedro Almodovar, Broken Embraces. Me encanta pereceber que nem mesmo Almodovar sabe o rumo que sua obra (vida) irá tomar depois de terminada. Ninguém sabe nada, não há como prever. O que importa é fazer.

Almodovar sabe usar bem o cinema. Ele brinca com o kitch, o brega e o novelesco como uma graça única. Mesmo assim faz um filme bonito de se ver. Lança mão de recursos que, literalmente, enchem os olhos. Tomadas dentro de tomadas, sobreposições, fade in & out, movimentos de câmera, cores, o som e a cegueira do personagem principal de Broken Embraces balançam o espectador num mix de novela mexicana, Hitchcock e Almodovar. Muito Almodovar. O filme traz o frescor de obras passadas como A Flor do meu segredo, Ata-me, e Mulheres a Beira de um Ataque de Nervos (na minha opinião insuperável, talvez Carne Trêmula tenha quase chegado lá) e conta com a deliciosa, embora breve, participação da bizarra Rossy de Palma – infelizmente em apenas uma cena. Me deu gosto pereceber Penélope Cruz madura, não mais tentando se passar por madura como foi em Volver. Ela, agora, é aquela mulher almodovariana que há tempos cabia a Carmen Maura, Marisa Paredes e Victoria Abril. Uma mulher com vida, história, desejo e uma pitada de loucura inerente a todos os seres humanos. Essa mulher de Almodovar não a esconde mas, sim, conta com ela para viver. É linda e surpreendente a forma como o diretor retrata as mulheres. Cinema de primeiríssima. Para quem gosta. Vou assistir de novo.

Inglorious Basterds

Eh sempre uma delicia ver filmes do Tarantino. A trilha sonora, os cortes, a forma como apresenta os personagens sempre dando um still e retornando na cronologia do filme, os capitulos, tudo uma graca. Very entertaining. Alem do mais Tarantino falado em alemao, que charme. O cara fez um filme sobre um assunto serio de uma forma gostosa de ver. So. O personagem de Pitt poderia ter sido interpretado por qualquer outro bom ator, nao entendi de quem foi a ideia daquele sotaque do sul dos EUA, uma vez que muito do filme se deve aos excelentes atores alemaes – grande surpresa Daniel Bruhl, de Adeus, Lenin! e Edukators. Mas nada como ter uma super estrela em um filme. Da uma dimensao tao grande que pode ate ser que o filme concorra a Palma de Ouro em Cannes (Isabelle Hupert, presidente do juri desse ano deve ter ficado constrangida de Inglorious Basterds ter sido sequer considerado). Alguem assistiu ao ultimo filme do Tarantino? So a Paula. Quando ela me perguntou, eu nem sabia que filme era e nao conseguia me lembrar de jeito nenhum…..pois eh, porque eu nao vi, essa eh a onda. Tarantino ja nao eh mais aquele Tarantino que te faz ir ao cinema estritamente para ver o filme, como Allen, Almodovar, De Palma, e os Coen. Precisa de uma propaganda intensa na sua cabeca para isso acontecer, inclusive a possibilidade de um premio importante como Cannes.

The Ugly Truth

´E difícil fazer comédia romântica. O gênero já se esgotou e seu sucesso depende muito da sintonia entre os protagonistas. The Ugly Truth repete a fórmula do cara-ajuda-garota-a-conquistar-garoto-e-se-apaixona-por-garota tão vista em milhares de filmes mas funcionou. Ketherine Heigl é a garota neurótica e solitária (que existe dentro de cada uma de nós) e Gerard Butler o canastrão-gostosão (tão visto por aí). Claro que no final a legitimidade da personalidade controladora dela e a veia galinha e descrente no amor dele se explicam e se encontram. O filme tem uma pitada de There’s someting about Mary mas sem aquele exagero xulo e escatológico dos irmãos Farelli. Tem uma pegada meio kinky que funciona bem e não deixa aquela sensação de dinheiro jogado fora, tão comum em filmes bobos. Me lembrou When Harry Met Sally, comédia inteligente.

The Soloist

Hoje eu vi um trailler que me deixou de cara. The Soloist. Jamie Foxx e Robert Downey Jr. fazendo uma parceria foda. O primeiro, interpreta um ex músico que por algum motivo se perde na vida e acaba vivendo na rua. O segundo, é um jornalista buscando um sentido na vida e na profissão. Imagens muito interessantes e uma clara explicação: Joe Wright. O cara fez Pride and Prejudice e Atonment, o filme mais bonito, bem escrito e gostoso de ver de 2008. Quanto a Foxx, maquiagem e atuação de arrepiar.

Novo filme do Spike Jonze

Wild Thing é o novo filme do Spike Jonze a ser lançado em breve no Reino Unido. O trailler já está passando e é de deixar os pelos dos braços arrepiados. Eu adoro o trabalho desse cara e, para completar, ele chamou o Arcade Fire para participar da trilha sonora. Como pode uma banda fazer uma música tão linda? Sempre tenho vontade de chorar e frio na barriga quando escuto No Cars Go. Quanto a história, parece que tem algo a ver com a fantasia de um menino em um novo mundo, numa wilderness. Acabei de ler que é a adaptação do livro de um cara chamado Maurice Sendak. No elenco a musa de Jonze e de Charlie Kaufman, Catherine Keener – a propósito preciso assisitir de novo Synecdoche para poder escrever algo sobre o filme, é muita metalinguagem para digerir em uma assistida só. Quanto a Wild Thing, really can’t wait.